Bem fodida

Não, não estou devendo tudo o que tenho, não perdi o emprego, não bati o carro sem seguro. O título do post é, como dizem os gringos, um “statement”. Um libelo. Eu gosto de ser bem fodida. É certo que quando uma mulher diz isso – e quando escreve, com todas as letras – há quem fique chocado ou chocada.

Mas é preciso assumir. Todos gostamos de sexo bem-feito. Homens costumam dizer que sexo, mesmo quando é ruim, é bom. Nina, nina, não! Pra nós, mulheres, com pombinhas complexas, grelinhos difíceis, grilos de monte nas nossas lindas cabecinhas progressivamente emolduradas por escovas e alisamentos, o buraco é mais embaixo. Eu disse embaixo, não atrás!

Para ser bem fodida, não basta um cara gostoso. E aí, um parêntese: o que é um cara gostoso? Eu trabalho com alguns caras que minhas colegas acham gostosos. Um deles é saradão, tem pinta de quem toma bomba e malha direto. Bíceps de escultura, barriga, coxas e pernas trabalhadas nos ab-shapers da vida. Pra mim, não é nada gostoso. É bonitão, atraente. Mas não me passa um jeito de ter pegada, de te matar de tesão com algumas respiradas na orelha esquerda e uma mão bem colocada sob a saia.

Sou mais o carinha com um olhar malicioso que trabalha no andar de cima. Tem até uma barriguinha, mas quando me olha, me come. E não é só eu. Come com os olhos todas as mulheres mais ou menos ajeitadas que cruzam seu caminho. Tem uma cara de safado que me me umedece as entranhas. Esse dá pra chamar de gostoso, embora eu tenha que experimentar primeiro. Aí escrevo depois pra contar. Fecha parêntese.

Experiente, já fui bem fodida algumas vezes. Algumas muitas vezes. Mas também fui vítima – vítima, sim – de trepadas absurdamente ruins. Caras bêbados que gozavam em minutos. Poucos minutos. Desajeitados de mãos frias, de mãos suarentas, de unhas compridas que machucavam. Caras que não sabiam o que fazer com a língua. Nem num beijo, nem no resto. Lamentável.

Todas estamos sujeitas a isso. Quando a gente dá, não tem garantias de qualidade. Até porque os parâmetros de uma boa foda são diferentes para diferentes mulheres. Umas são mais exigentes com a língua do cara. Outras, gostam de pau bem grande. Outras, ainda, de dedos em todos os lugares. Assim, se uma amiga te disser maravilhas de um cara, não significa que se você der pra ele, vai achar a mesma coisa. Claro que é um padrão comum. Mas isso todas nós já sabemos.

O importante é deixar claro o que queremos: ser bem fodidas. Não apenas que um cara meta o pau, bombe por dez minutos e vire pro lado pra dormir. O cara que faz isso comigo, tá pedindo pra ser corno. Ou pra levar um belo pé na bunda. Problema dele. Eu sei o que quero e vou atrás.